sábado, 8 de dezembro de 2007

Patrick Faigenbaum

Patrick Faigenbaum
Fotografia
Exposições
De 16/11/2007 a 24/02/2008
10h00 às 18h00
CAMJAP: Galeria de exposições temporárias















O objectivo desta exposição, e do livro que a acompanha, é revelar um corpus de imagens singulares, autónomas e unidas numa rede de figuras e temas. As imagens que se apresentam foram sendo produzidas ao longo de mais de vinte anos, datando a mais antiga de 1973 (momento em que Faigenbaum passou da pintura à fotografia) e a mais recente de 2006.

A presente exposição reconstitui um mundo íntimo de imagens simultâneas, formado por temas obcecantes, recuperações e analogias.

UM ATLAS DE ACONTECIMENTOS








Exposição a não perder na Fundação Calouste Gulbenkian


Um Atlas de Acontecimentos
7 Out a 30 Dez 2007, Galerias de Exposições Temporárias da Sede, Pisos 0 e 01
Horário: Terça a sexta-feira e domingo, das 10h às 18h; Sábado, das 10h às 22h. Visitas guiadas com António Pinto Ribeiro: (1) 23 de Novembro, sexta-feira, 16h30 (2) 24 de Novembro, sábado, 16h30 Visitas guiadas com Lúcia Marques: (1) 25 de Novembro, domingo, 15h (2) 23 de Dezembro, domingo, 15h (3) 30 de Dezembro, domingo, 15h *Cada visita guiada dura aproximadamente 1 hora e constitui um percurso possível pela exposição, debruçando-se sobre um conjunto distinto de obras. Limite máximo de pessoas: 30.

A velocidade como princípio estrutural fundamental do mundo moderno é uma proposição central da obra do influente teórico urbano Paul Virilio. Na sua visão do mundo, foi a busca da humanidade pela velocidade – ou por uma «aceleração lógica» – que operou uma transformação fundamental na sociedade moderna, visto estar na base do progresso tecnológico. A velocidade, para Virilio, é a essência da inovação na guerra e nos media, que, por sua vez, são os principais agentes que enformam o curso da História.
Se concordarmos em assumir, então, que a velocidade e a aceleração – como fins em si próprias – caracterizam o mundo contemporâneo, então talvez não seja descabido pensarmos que estamos cada vez mais incluídos no meio de um contínuo de acontecimentos, onde um substitui o outro sem pausas para considerações ou para consequências. Num instante, surgem novas crises políticas, económicas e ecológicas com uma frequência e uma previsibilidade perturbadoras, enquanto, aparentemente de um dia para o outro, os modos de vida rurais desaparecem e as aldeias se transformam em cidades florescentes; com o simples clicar de um botão, a capital global viaja através de continentes, o que tem ramificações económicas colossais. Nestas condições, como Virilio avisa, uma cultura de amnésia tem tendência a reinstalar-se no quotidiano.
Esta evidência de uma velocidade que existe sem meta e sem finalidade – já que nem a religião nem a arte como fins hegelianos a atingir são hoje credíveis – é indissociável da globalização e das suas componentes, que exigem uma crítica da contemporaneidade. E a crítica e a reflexividade que lhe está associada não são exclusivas da produção teórica, nem da epistemologia disciplinar. Recorrendo aos sentidos plurais possíveis às mais variadas formas que as linguagens visuais contêm, é possível escapar ao monolitismo dos media e à hegemonia do império da produção de informação?
Dadas estas circunstâncias, o que podemos fazer? O que podemos nós, enquanto artistas e curadores, legitimamente alcançar, trabalhando dentro dos reinos privilegiados da criação e da disseminação artísticas?
É neste pano de fundo de incerteza intensa – sentido a um nível individual, local, regional e internacional – que propomos Um Atlas de Acontecimentos, uma exposição colectiva de artistas oriundos de diferentes partes do mundo, cujas abordagens pessoais e sociais às suas respectivas práticas artísticas sublinham dilemas, histórias, narrativas e perspectivas que poderiam, de outra forma, ser negligenciadas ou ignoradas. Esta exposição não tenciona ser, de modo algum, totalmente abrangente. Isso seria, claro, uma tarefa impossível. Em vez disso, trata-se de um esforço modesto e, esperamos, significativo para juntar visões do mundo muito diferentes, apresentadas por artistas que nos oferecem reflexões cuidadosamente observadas, que revelam a complexidade da forma como o «político» é sentido de um modo simples e quotidiano, pedindo a cada um de nós que repensemos as nossas suposições acerca das condições que estão para lá das nossas experiências.
Esta complexidade está, muitas vezes, patente nas estratégias de crítica indirecta empregue por estes artistas. Tais estratégias abordam temáticas socioeconómicas ou políticas a partir de uma perspectiva oblíqua, criando também obras que parecem personificar paradoxos – que contêm ideias conceptuais ou emocionais aparentemente opostas em permanente tensão. Talvez como reacção a estas noções de tempo que prevalecem na contemporaneidade da idade digital, muitos mostram-se contra as ideias instantâneas e escolhem, em vez disso, envolver-se em meios de produção bastante tradicionais, que assentam no trabalho manual e não na alta tecnologia. Abordam também uma ironia fundamental da nossa realidade contemporânea: embora a velocidade, a facilidade e a prevalência expansiva da interconectividade tecnológica e das redes de sociedades virtuais prometam todas novas possibilidades de comunicação, criam também, paradoxalmente, novas barreiras ao conhecimento e à compreensão, além de sentimentos de isolamento e alienação.
Esta exposição é uma resposta oblíqua ao estado actual do mundo. Os jogos de poder entre os Estados-nação, o controlo das fronteiras, as guerras religiosas e a arrogância e o populismo vergonhosos dos políticos em todos os cantos do mundo tornaram-se a imagem de marca deste século. As técnicas padronizadas do arsenal político incluem tentativas de apagar a memória pública, rejeitar as lições da História, alterar a face do «inimigo» de um dia para o outro. Estas parecem ser técnicas familiares do marketing de produto, onde o novo é sempre melhor e o velho está simplesmente à espera de ser descartado.
Grande parte da população mundial parece estar quase anestesiada perante este ataque devastador de desonestidade e burla, encontrando-se também susceptível a todos os novos mecanismos económicos ou políticos que a mantém receosa, mas, ainda assim, a consumir de forma produtiva. Em todo o mundo, a discussão complexa em torno da política é desacreditada. As novas soluções simplistas atulham os meios de comunicação. Embora o «bem contra o mal» careça de qualquer relação próxima com a experiência quotidiana, ainda consegue atrair um amplo apoio. Cada vez mais, o cepticismo tradicional do «o quê, porquê, como e para quem» é posto de lado em favor de uma aceitação mais passiva perante as ameaças de violência e o dogmatismo religioso ou ético.
Nestas circunstâncias, acreditar que a arte pode alterar alguma coisa não é fácil. Mas a experiência de uma afirmação individual não repõe qualquer sentido de possibilidade nesta equação, dando-nos – in pars pro toto – uma visão global subjectiva e potencial do que se está actualmente a passar no mundo. Muitas das obras patentes nesta exposição apresentam ideias que são capturadas num momento de urgência – a urgência da produção, a urgência da partilha e a urgência da recusa de permanecer calado. Em alguns casos, os artistas abordam preocupações mais vastas e mais gerais que assolam o mundo, seja a adaptabilidade infinita do capital, as reflexões sobre um consumismo dominante à escala global, a devastação da paisagem, a história e a cultura perdidas, ou o medo do futuro. Noutros casos, os artistas abordam as suas próprias experiências de vida, ou os dilemas particulares do seu próprio país ou da sua própria região geográfica, tais como as mudanças urbanas radicais, a proliferação dos meios de produção e de distribuição ou a resposta a condições caóticas ou violentas.
Cada artista cria obras que reagem de forma particular ao estado do mundo, e nessas obras estão presentes contos admonitórios, mas também contos que não abandonam a esperança. Dentro do niilismo negro circulante, existe também a possibilidade de uma mudança positiva. Num mundo instável, estas obras tentam propor um caminho em direcção a uma nova espécie de equilíbrio. Também seríamos capazes de desenvolver novos sinais e novas atitudes afirmativas que nos poderiam ajudar a visualizar um futuro mais promissor, onde, juntamente com a hostilidade, poderíamos encontrar a hospitalidade e onde os dogmas poderiam ser substituídos pela dúvida mundial como método de conhecimento e de criação.
Apesar de não pensarmos que a arte pode alterar alguma coisa, per se, esperamos que esta exposição possa colocar em relevo as preocupações particulares relativas à raiva das distintas condições actuais históricas e sociopolíticas, de forma a levar-nos a questionar, para além das paredes da galeria, a versão plástica prevalente dos «certos, errados, inimigos e amigos», e a examinar até que ponto as opiniões são dadas, recebidas ou alcançadas através de um processo de investigação pessoal e séria. Este processo foi já atravessado por cada um dos artistas para produzir o seu trabalho. As considerações deles estão agora a circular na esfera pública, intercaladas nas intenções das suas obras, nas percepções da realidade exterior actual e na história dos acontecimentos recentes.

António Pinto Ribeiro
Debra Singer
Esra Sarigedik Öktem

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Vik Muniz

Museu da Electricidade, Lisboa
18 Outubro a 16 Dezembro













A exposição A TERRA E A GENTE, de Vik Muniz, surge como resposta a uma encomenda do Centro de Artes Visuais para criar um portfolio sobre Portugal, à qual o Banco Espírito Santo prontamente se associou como seu Mecenas.

Vik Muniz escolheu alguns daqueles que considerou serem os vultos mais marcantes da história recente de Portugal. Um escritor laureado pelo Prémio Nobel, José Saramago; um arquitecto de renome internacional, Siza Vieira; uma cantora que imortalizou o fado, Amália Rodrigues; um dos maiores escritores da literatura portuguesa Fernando Pessoa; um cientista pioneiro na investigação e teorização do cérebro, António Damásio e o menino-prodígio do futebol, Cristiano Ronaldo.

Como brasileiro, descendente de portugueses, para Vik Muniz a terra portuguesa simboliza raízes, um sentimento de pertença. Se, por um lado, a terra caracteriza o povo, o inverso é igualmente verdade: um povo define a terra. Com este pensamento sempre presente, elegeu um conjunto de momentos centrais daquilo que acredita ser a essência de ser português. Apresenta assim um conjunto de retratos de ilustres nomes que distinguem a portugalidade.

Conforme o seu método de trabalho, Muniz escolheu um material para retratar estes famosos retratos. A terra portuguesa foi o eleito. É com ela que esculpe cada uma destas personagens. A terra emerge como metáfora para sentimentos de pertença, de memória colectiva e histórica e como definidor daquilo de que somos feitos. Esta é a nossa terra, estes são os nossos retratos.

Desta exposição resulta a publicação de um catálogo com a reprodução das obras expostas e com textos de Albano Silva Pereira, Clara Ferreira Alves, Delfim Sardo, Filipa Oliveira, Régis Durand e Shelley Rice.

A Terra e a Gente de Vik Muniz estará patente até ao próximo dia 16 de Dezembro no Museu da Electricidade - Lisboa.